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Foto do escritorLília Palmeira

CALENDÁRIO MAIA: o fim dos dias?

Cientistas descobriram um calendário maia mais antigo com 17 ciclos, levando a contagem de tempo até pelo menos o ano 5.800.

William Saturno e uma equipe de arqueólogos da Universidade de Boston encontraram tabelas astronômicas e outros textos nas paredes de ruínas da cidade de Xultún, na Guatemala.

Antes dessa descoberta, os pesquisadores acreditavam que o calendário maia era composto por apenas 13 ciclos, conhecidos como B'ak'tun. O 13º ciclo previsto para dezembro de 2012.


SAIBA MAIS: CALENDÁRIO MAIA


As três paredes da sala do templo, reveladas pelas escavações arqueológicas tinham pinturas de figuras humanas, bem como verticais de números escritos em hieróglifos maias, com estudos sobre astronomia relacionados aos ciclos do Sol, da Lua, além dos planetas Marte, Mercúrio e Vênus.

O estudo foi publicado na revista científica Science.


Em Xultún há ainda 35 pirâmides e 24 estelas, monumentos erguidos normalmente a cada 20 anos, Isso pode indicar que a cidade teve pelo menos 480 anos de duração. É através do estudo desses monumentos que se estima que a civilização maia existiu pelo menos entre os anos de 292 e 909 da nossa Era (tendo sido contemporâneo dos Império Romano, Bizantino e Árabe).


A antiga cidade maia tinha também dois campos esportivos, cinco reservatórios de água e várias praças. Nas proximidades do sítio, há ainda um palácio de 8 metros de altura e duas grandes pedreiras, na região conhecida como Chaj K’e'k Cué. Os arqueólogos acreditam que essa região era também usada como área residencial da elite de Xultún.

As ilustrações datam do século IX. O achado é mais antigo que os códices maia, livros escritos em papel primitivo centenas de anos antes da chegada dos espanhóis no século XVI. O quarto descrito pelos arqueólogos faz parte de um complexo residencial maior e aparenta ter cálculos semelhantes em duas de suas paredes. A maior parte do local foi danificada por saqueadores, mas muitas figuras humanas e hieróglifos desenhados em preto e vermelho foram preservados. A parede a leste tem cálculos relacionados ao ciclo lunar. Os cálculos na estrutura a norte são mais enigmáticos e podem se relacionar a Marte, Mercúrio e possivelmente Vênus. "Pela primeira vez observamos o registro de um escriba, cujo trabalho era anotar as informações da comunidade", disse o arqueólogo William Saturno, chefe da pesquisa.


De acordo com os pesquisadores, este é o primeiro registro maia encontrado nas paredes de uma casa. "Existem figuras por toda a parede no mesmo estilo que só aparece em um registro maia chamado Códice Dresden, escrito séculos depois", disse David Stuart, especialista em escrita mesoamericana pela Universidade de Texas, coautor do estudo.



Alguns dos números descrevem fases da Lua e outros reconciliam períodos lunares com o calendário solar. "Era uma forma de prever os eclipses", disse Saturno. "O mais empolgante é que agora sabemos que os maias faziam esses cálculos centenas de anos antes do que foi registrado nos códices."


Publicado originalmente em 20 de dezembro de 2012


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