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Foto do escritorLília Palmeira

Só não perca a Esperança!


Não te parece muitas vezes que o mundo ficou louco? 

É como se as coisas nem sempre se encaixassem, como se a pressa, o entorpecimento de olhar fossem roubando a essência das pessoas. O dinheiro é o norte, o consumismo, a produtividade a qualquer preço e tudo o que isso deriva, como o egoísmo, a violência, a ganância estabelecida em nome da fé, da saúde, da política, do que era para ser bem estar básico do ser humano.

Então, chega determinado dia que você desliga a TV irritado, ou soca o volante ou simplesmente olha no espelho e diz “cansei”. Como se a caminhada no contra fluxo estivesse no limite e a possibilidade de ser como todo mundo, de desistir, de simplesmente seguir a manada soasse como possibilidade tentadora. Sei como é. Confesso que tem dias que não quero escrever, que sinto não ter muito a contribuir, como se estivesse tentando apagar um incêndio com uma canequinha. Sei como se sente. Quando isso acontece, não luto contra. Lembro que estamos no mundo das relatividades, que carregamos trevas e luz dentro da gente, que estamos aqui para aprender a amar. Como não doeria? Como seria fácil? Sim, nada é tão certo e nas incertezas há muita beleza!

A dor faz parte do processo, o inconformismo, o cansaço, a sensação de remar contra a maré também. É normal, é natural, é sinal que você não se tornou um psicopata existencial, do tipo que vê mas não enxerga, que sabe, mas não sente, afinal, nem sempre o mundo é um lugar fácil para viver. Não são apenas os “insights” que nos elevam, tampouco haverá plenitude enquanto convivermos com tanta dor. Portanto, se esse for seu processo hoje, receba aqui minha solidariedade, meu carinho e minha completa certeza de que isso passa. Sim, acredite, isso passa.


É como acordar com passarinhos cantando depois de uma madrugada de tempestade, raios, ventos e medo. É como estar no meio da multidão em alvoroço e ser resgatado por um abraço amigo e acolhedor, como a voz de quem amamos interrompendo ruídos, como um dia de sol depois de semanas de chuva. Como sentir que tudo se perdeu, que não há mais jeito até que um inesperado sinal de renascimento muda as perspectivas. Quando passa, você percebe que saiu mais forte do que entrou. Isso é maravilhosamente inexplicável! Aos poucos tudo vai ficando claro e a dor fazendo sentido, tudo se encaixando, clareando, harmonizando apesar dos pesares, equilibrando sem que você tenha feito nada. Só percebeu, só se aquietou, só enxergou.

Uma das coisas mais lindas dos humanos não é a capacidade de lutar, de estar forte sempre, de resistir, de sermos fortalezas ambulantes. Não é ai que mora nossa força.

Nossa beleza está em nossa relatividade, na fraqueza que amanhã se transcende, no choro que, sim, pode acontecer e, quando passa, lava a alma, na dor que nos deixa mais fortes, na capacidade de reconhecer sem medo, sem culpa, sem remorso, nossa própria humanidade e então transcendermos. 

Sejamos humanos!

Só não perca a esperança. Todos tem direito a dias ruins, é normal sentir que as forças acabam, mas ela volta, melhor, depurada, enraizada. Só não perca a esperança! Há muitas coisas boas ainda no seu caminho. Sei que há. Portanto, caminhemos.


Texto de Flavio Siqueira

Publicado originalmente em Blog do Flavio Siqueira

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