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Foto do escritorLília Palmeira

O dia em que a terra começa a se recuperar do inverno

Atualizado: 15 de mar. de 2021

1º de Agosto

Hemisfério Sul

No dia em o Sol inicia seu fortalecimento para a primavera e que a terra começa a se recuperar do inverno, temos um festival:

O Festival do Fogo -- que marca o meio entre o solstício de inverno e o equinócio da primavera, celebra, por assim dizer, o ‘princípio’ da Primavera.

Esse festival representa também os novos começos e o crescimento individual. Ele marca uma época em que a introspecção do inverno pode cessar e a mente pode ser posta a trabalhar, formulando planos para a próxima estação.

Em Agosto, o poder do Sol vai crescendo dia a dia, mas ainda não com força suficiente para banir o frio do inverno.

Agora é tempo de ver o que aprendemos no nosso inverno interior, o que meditamos, o que digerimos de nossas experiências, e clarear tudo para que enxerguemos melhor nossas propostas de vida atuais.

É tempo de clarificar nossas intenções de estilo de vida. Tempo de organizar, limpar gavetas externas e internas, e principalmente de estarmos atentos às inspirações, de estar novamente mais perto da Natureza. Os temas deste mês são os começos, o discernimento e a memória, os conselhos, o serviço e o altruísmo. É o tempo do feminino, das mães e das mães de nossas mães, de tudo que recebemos delas.

Na Roda do Ano o nome dessa festividade é Imbolc ou Imbolg, também conhecido como Oimelc, Dia da Senhora e, no Hemisfério Norte é Candlemas – comemorado em 1º de Fevereiro.

Irish imbolc deriva do irlandês antigo i mbolg "na barriga" se referindo a prenhez das ovelhas. Também chamado Dia de Brighid (Irlanda: Lá Fhéile Bríde; Escócia: Là Fhèill Brìghde; Manx: Laa’l Breeshey).


Sincretismo

Imbolc é mencionado em parte da literatura irlandesa antiga e está associada com eventos importantes na mitologia irlandesa. Tem sido sugerido que era originalmente uma festa pagã associada com a deusa Brighid e que foi cristianizado como um festival de Santa Brígida, que se é pensado para ser uma cristianização da deusa.


O correspondente cristão deste Festival é a Festa das Candeias – o dia da apresentação de Cristo no templo. Durante anos seguidos os papas, tentaram impedir que as procissões de velas acesas se realizassem nas ruas de Roma. Até que, vendo ser impossível acabar com este costume pagão, sugeriram que a população entrasse nas igrejas para que os padres pudessem abençoar as velas.


A Igreja Católica Apostólica Romana, não conseguindo apagar a figura da Grande Mãe em seu aspecto trino, com o passar do tempo incorporou a tríade em Sant'Ana, Maria Virgem e Maria Mãe.


Simbolismo

Antigamente nessa época, cada vela, lamparina e tocha da casa era acesa para iluminar os caminhos para que o Sol pudesse atravessar. Por toda a Europa eram feitas procissões com tochas, com a finalidade de purificar os campos e arados para o plantio na Primavera que se aproximava.

No Imbolc eram feitas as cruzes de Brighid, com palha de trigo, junco ou qualquer outro material natural e flexível, que eram colocadas sobre portas e janelas, e representavam o olhar protetor da Deusa, vigiando e protegendo a casa...

... e uma figura de boneca, chamada Brídeóg, ia de casa em casa.

Para receber suas bênçãos, as pessoas faziam uma cama para Brídeóg e deixavam as comidas, bebidas e itens de vestuário expostos para que ela abençoasse. Brighid também era invocada para proteger o gado. Poços eram visitados e era também um tempo propício para adivinhações.

Também na Irlanda, as crianças eram abençoadas por Brighid ou Brigit colocando fitas verdes ao redor de seus pescoços, dando vários nós enquanto o nome da Deusa era pronunciado com orações de proteção.

Era costume abençoar a terra com leite, para que as plantas crescessem férteis, sempre pedindo as bênçãos da Deusa.

Isso tudo ainda pode ser feito...

As energias criadas no festival de Yule geralmente já se desvanecem durante as semanas de Junho, às vezes difíceis e melancólicas. O Imbolc traz nova esperança e animação durante um mês que pode também se tornar longo e monótono.


Brighid, a "exaltada", divindade dos poetas, curandeiros, parteiras e dos que trabalham o metal é uma deusa "tripla" em seus aspectos de donzela, mãe e anciã e representa os três aspectos da feminilidade, ou seja, cura, fertilidade e conhecimento. O fato de Brighid ser uma deusa da Lua, o Imbolc é também ligado à água. Era o tempo em que poços sagrados de cura eram homenageados com dádivas, velas e oferendas. Os poderes curadores da água de fonte eram bem conhecidos pelos celtas, que os usavam como base de muitos de seus remédios herbários. Honrar os poços sagrados era uma forma de retornar energia ao poço, de modo que este continuasse a imbuir suas águas de vibrações curadoras.

Mitologia

A Deusa Tripla pode ser encontrada em quase todas as mitologias. Alguns exemplos são:

Brighid - Deusa Tripla Celta. Seu nome vem do irlandês antigo brigh, que significa ‘poder’. Ela é a incorporação da poesia, da inspiração, e da adivinhação. Originariamente uma deusa do sol e do fogo conhecida como Brighid do Cabelo Dourado. Devido a sua conexão com o fogo, ela foi associada com a inspiração e arte da metalurgia. Brighid foi também uma importante deusa da fertilidade era evocada durante partos para proteger a mãe e a criança. Seus símbolos incluem o fuso, a chama, o poço, a ovelha e o cordeiro, o leite, a cobra, e o sino. Também chamada Bridget, Brighit, Bride e Brigit, Ela é a grande mãe da Irlanda e, provavelmente, é a mesma que Dana. É equivalente à Ceridwen em Gales.

Artwork Miranda Gray.


Moiras: (em grego Μοῖραι) eram as três irmãs que determinavam o destino, tanto dos deuses, quanto dos homens. Responsáveis por fabricar, tecer e cortar aquilo que seria o fio da vida de todos os indivíduos, durante o trabalho, as moiras fazem uso da Roda da Fortuna, que é o tear utilizado para se tecer os fios.

Cloto (Κλωθώ; klothó) em grego significa "fiar", segurava o fuso e tecia o fio da vida. Atuava como deusa dos nascimentos e partos.

Láquesis (Λάχεσις; láchesis) grego significa "sortear" puxava e enrolava o fio tecido. Atuava sorteando o quinhão de atribuições que se ganha em vida.

Átropos (Ἄτροπος; átropos) em grego significa "afastar", ela cortava o fio e determinava o fim da vida.


Nornes: Na mitologia escandinava, a Deusa Tripla se relaciona com as Nornes ou Wyrd. Eram as fiandeiras que se sentavam junto às raízes da Árvore do Mundo, Yggdrasil.

Imagem - Die Nornen Urd, Werdanda, Skuld, unter der Welteiche Yggdrasil by Ludwig Burger.

Urd (Urðr), passado.

Verdandi (Verðandi), presente.

Skuld, futuro.

Shakti: A palavra Shakti, que significa ao mesmo tempo poder e esposa, é a força sagrada feminina.

Sarasvati: shakti de Brahma, o criador. Ela é a protetora dos artesãos, pintores, músicas, atores, escritores e artistas em geral. Ela também protege aqueles que buscam conhecimento, os estudantes, os professores, e tudo relacionado à eloqüência. Seus símbolos são um Cisne e um Lótus Branco.

Lakshimi: shakti de Vishunu, o sustentador. Ela é a personificação da beleza, fartura, generosidade e, principalmente, da riqueza e da fortuna, é sempre invocada para amor, fartura, riqueza e poder. É o principal símbolo da potência feminina, sendo reconhecida por sua eterna juventude e formosura.

Parvati: shakti de Shiva, o deus da destruição e renovação. Ela é considerada como a derradeira Divina Shakti.

Comemoração

Imbolc é tempo de purificação: limpe sua casa, seu corpo, seus armários, doe o que não usa mais, presenteie as pessoas queridas com objetos que elas possam gostar, etc. Faça você mesma sua cruz de Brighid e pendure-a sobre a porta da cozinha, onde ocorre a transformação dos alimentos. Somos o que comemos, portanto, abençoe sua comida. As sementes despertam, novos planos e projetos surgem mais facilmente, também é o melhor momento para realizar um Ritual de Dedicação e estar aberto para os novos presságios… É época de abençoar as sementes e consagrar nossos instrumentos de trabalho.

Se possível, banhe-se nas águas dos rios e das fontes aproveitando os benefícios curativos. A água representa um portal para o Outro Mundo, um local de cura e fonte de sabedoria.

INCENSOS: manjericão, mirra, sálvia e glicínia.

ERVAS: angélica, benjoim, calêndula, limão, manjericão, rosas, violeta, mirra, bálsamo, baunilha e flores vermelhas e amarelas.

CORES: podem espelhar a pureza (branco, azul claro) ou as chamas (vermelho, amarelo, laranja).

VELAS: marrom, rosa e vermelha.

PEDRAS: quartzo branco, citrino, turmalina, quartzo rosa, hematita, zircônio, pérolas, coral, ágata vermelha, topázio.

COMIDAS TÍPICAS DO INBOLC: laticínios, bolos de frutas e tortas de maçãs, pão, sopas, vinho, suco de frutas e todos os tipos de chás.


A Terra Mãe agita-se em seu longo sono.
Os campos e as flores ouvem a sua respiração a acordar.
As criaturas dos seus domínios respondem ao seu chamado.
Tudo aguarda em suspenso a Primavera.

Referências:

  1. Hesíodo - Theogonia.

  2. OBOD: http://www.druidry.org

  3. Graves, Robert - A Deusa Branca – Bertrand Brasil, 2003.

  4. Stone, Merlin - Ancient mirrors of Womanhood – Beacon Press, 1990.

  5. McCoy, Edain – Celtic Myth & Magick, Harness the Power of the Gods and Goddesses – Llwellyn Publications, 1995.

  6. Philip Carr-Gomm – Elementos da Tradição Druida – Ediouro, 1994.

  7. Conway, D. J. – A Magia Celta – Editorial Estampa, 1994.

  8. Barros, Maria Nazareth Alvim de. – Uma Luz sobre Avallon: celtas & druidas – Ed Mercuryo. 1994.

  9. Hope, Murry – Magia Celta Practica – Um completo manual de la herencia mágica de lãs razas celtas – Editorial EDAF, Madrid, 1989.

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